sexta-feira, 23 de maio de 2008

LESÕES PRODUZIDAS PELA ELETRICIDADE

Acontecem quando o corpo experimenta níveis de corrente elétrica que alteram suas funções eletrofisiológicas ou causam lesão nos tecidos.
Mais comuns no domicílio e o no local de trabalho, em contato com fontes comerciais de energia elétrica: 90% com homens de 20 a 34 anos; 7% das mortes por AT; amputações de extremidades

CONCEITOS BÁSICOS

A eletricidade é uma forma de energia que pode fluir entre dois pontos (cor­rente elétrica), desde que entre eles exista uma diferença de potencial elétrico, ou seja, desde que um deles esteja mais carregado de energia elétrica do que o outro. A corrente elé­trica flui com maior facilidade através de mate­riais específicos (condutores) se houver um caminho completo para que se processe o fluxo (circuito). Se este é interrompido em qualquer ponto por um material não condutor (isolante), o fluxo da eletricidade não se processa. Se entre os dois pontos consi­derados não existir um condutor adequado, a corrente elétrica ainda assim poderá fluir, des­de que a diferença de energia seja muito grande (o raio é uma descarga elétrica que cruza o ar, considerado isolante, quando se estabelece grande diferença de carga elétrica entre duas nuvens ou entre uma nuvem e a terra).

São condutores a água, principalmente com eletrólitos diluídos, a maioria dos me­tais e os seres vivos. Nestes, a condutividade elétrica varia de tecido para tecido, sendo tão maior quanto maior seu teor de água (maior no sangue, nos músculos e nos nervos do que nos ossos e na pele – a pele úmida é boa condutora).

São isolantes o ar seco, a madeira seca, os plásticos, a borracha.

A terra, eletricamente nula em relação a qualquer fonte de energia elétrica, funciona como receptor de eletricidade. Qualquer fonte de eletricidade tende a se descarregar na terra, desde que com esta se estabeleça um circuito. Como exemplo, as recentes e graves lesões em operações de manutenção da rede elétrica viva e ao contrário, o pássaro pousado nos cabos eletrificados suspensos da rede elétrica, sem sofrer qualquer descarga elé­trica.

A terra molhada funciona como um con­dutor. Assim, quando várias pessoas estão tra­balhando com uma fonte de energia elétrica em região molhada pela chuva, um acidente envolvendo uma delas pode transferir a cor­rente elétrica às demais.

Eletroplessão/eletrocussão: morte ocorrida em conseqüên­cia de descarga elétrica.

Alta tensão (volta­gens acima de 220 V) e baixa tensão (igual ou abaixo de 220 V). Há correntes elétricas que sempre fluem num mesmo sen­tido (corrente contínua) e correntes que alternam seu sentido (cor­rente alternada).

Não existe fonte de eletricidade absoluta­mente inócua. Mesmo a baixa voltagem que alimenta as residências pode provocar um aci­dente fatal numa pessoa cuja resistência à ele­tricidade esteja diminuída, por exemplo, por estar com o corpo molhado.

BAIXA VOLTAGEM (<1000 V) grande risco de ELETROCUSSÃO por PC (contato prolongado - espasmo muscular) fluxo de eletrólitos transmite a corrente pelo corpo, gera calor e produtos químicos tóxicos

ALTA VOLTAGEM (>1000 V) lesões teciduais extensas; 3 - 4 % das internações por queimaduras
o arco elétrico atrai o corpo ao campo energético; altíssima temperatura (queimaduras ou ignição tecidual)


EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA SOBRE O ORGANISMO

Dependentes de vários fatores:

Condutividade dos tecidos corporais. Exemplo: uma pessoa molhada está su­jeita a um acidente mais grave e até fa­tal, mesmo com baixa voltagem, porque a resistência de seu corpo diminui, o que permite uma corrente mais intensa cir­cular por ela.

Intensidade da corrente: diretamente pro­porcional à voltagem ou à tensão (quan­to maior a tensão, maior a corrente que circula no circuito) e inversamente pro­porcional à resistência oferecida pelo cir­cuito (quanto maior a resistência, menor a corrente).

Circuito percorrido no corpo. Exemplo: no circuito de um a outro dedo da mes­ma mão, a lesão é limitada aos dedos envolvidos, embora possa chegar à am­putação. No circuito entre a mão esquer­da e os pés, a passagem da mesma cor­rente pelo coração pode determinar fibrilação ventricular.

Duração da corrente: quanto maior a du­ração, maior o efeito, ou seja, maior a lesão.

Natureza da corrente: a corrente alter­nada é mais danosa do que a contí­nua de mesma intensidade, porque pro­duz contrações musculares tetânicas que impedem a vítima de escapar do circuito e provocam sudorese, diminuindo a re­sistência da pele, aumentando o fluxo da corrente pelo corpo.

Lesões teciduais:
· DC- 10 Khz: destruição da membrana celular
· radiofreqüência (10Khz - 10 Mhz): coagulação de proteinas
· >10Mhz: a energia pode se transmitir sem gerar fluxo elétrico pelo organismo
· Microondas (10Mhz -10 Ghz: aquecimento dielétrico da água
· Energia luminosa e ionizante (>10.000.000.000.000.000 hz): BIOQUÍMICAS


Efeitos da corrente elétrica sobre o or­ganismo:
· Queimaduras
· Fibrilação ventricular (baixa tensão)
· Parada cardiorespiratótia (alta tensão)
· Fraturas

Queimaduras

Por arco voltaico: podem ser observa­das na superfície corporal exposta a um arco voltaico (quando um acidente esta­belece uma voltagem tão intensa que a corrente elétrica flui pelo próprio ar, aquecendo-o e produzindo temperaturas de até 10 000° Celsius). Ocor­re carbonização da pele e dos tecidos subjacentes.
Por chama: o aquecimento produzido pelo arco voltaico incendeia as roupas da vítima.
Por carbonização direta: a corrente elétrica promove o aquecimento dos tecidos da vítima, provocando coagulação e necrose. Observa-se áreas de queima­dura nos pontos de entrada e saída da cor­rente elétrica, que podem ser pouco im­pressionantes. Entretanto, ao longo de todo o trajeto da corrente, encontram-se teci­dos necrosados, especialmente músculos e vasos sangüíneos. A necrose de vasos leva a fenômenos trombóticos nas áreas antes irrigadas pelos vasos então necrosados (necro­ses à distância do trajeto).

Fibrilação Ventricular
Por lesão cardíaca direta.

Parada Cardiorespiratória
Por lesão dos centros vitais do bulbo do tronco encefálico.

Fraturas
Produzidas por espasmos musculares se­veros, quedas e colisões da vítima arremessa­da contra anteparos rígidos.


ATENDIMENTO

· Garantir a própria segurança e dos de­mais presentes na cena: não tocar a vítima antes de certificar de que o circuito elétrico esteja interrompido. Des­ligar a chave geral nos ambientes domi­ciliares e industriais. Chamar a compa­nhia de energia elétrica nos acidentes em via pública. Se as vítimas estiverem dentro de veículo em contato com um cabo energizado, orientá-las para que lá permaneçam até a chegada dos técni­cos da companhia de energia elétrica. Se há risco real de incêndio, desabamen­to ou explosão, orientá-las para saltar do veículo sem estabelecer contato si­multâneo com a terra.

· Abordagem primária: garantir via aé­rea com controle cervical (pode haver fratura de coluna). Iniciar e man­ter SBV (na ausência de pul­so arterial). SBV pode se prolongar – há registros de recuperação tardia, justificando a manutenção de SBV por pelo menos quatro horas.

· Abordagem secundária: curativos es­téreis nas queimaduras, imobilização dos membros com fraturas suspeitas ou diagnosticadas.

· Remoção para o hospital.

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